Nesta semana, um Tributo à Bárbara Heliodora (1759-1819), considerada a primeira poeta brasileira, participou ativamente da Inconfidência Mineira.
Escritos sobre ela:
(clique nos links)
A Religiosidade na Poesia de Bárbara Heliodora, A Heroína da Inconfidência Mineira(CASTRO, Carla. Letras Escreve, 2018)
Bárbara Heliodora, nossa primeira poeta e uma lutadora social (MORELATO, Adrienne Kátia. Vermelho, 2019)
Bárbara Heliodora, Um Bordado Nacional (CHAVES, Ariadne. Dissertação de Mestrado, 2014 - Universidade Federal de São João del-Rei)
A poetisa dos inconfidentes (MANOELA, Barbara. Blogueiras Feministas, 2011)
Escrito por ela:
Conselhos a meus filhos
Meninos, eu vou dictar As regras do bem viver; Não basta sómente ler, É preciso ponderar, Que a lição não faz saber, Quem faz sabios é o pensar. N’este tormentoso mar D’ondas de contradicçôes, Ninguem solettre feições, Que sempre se ha de enganar; Da caras a corações Ha muitas leguas que andar.
Applicai ao conversar Todos os cinco sentidos, Que as paredes têm ouvidos, E tambem podem fallar: Ha bichinhos escondidos, Que só vivem de escutar. Quem quer males evitai Evite-lhe a occasião, Que os males por si viráõ, Sem ninguem os procurar, E antes que ronque o trovão, Manda a prudencia ferrar. Não vos deixeis enganar Por amigos, nem amigas, Rapazes e raparigas Não sabem mais que asnear; As conversas e as intrigas Servem de precipitar. Sempre vos deveis guiar Pelos antigos conselhos, Que dizem que ratos velhos Não ha modo de os caçar: Não batão ferros vermelhos, Deixem um pouco esfriar.
Se é tempo de professar De taful o quarto voto, Procurai capote roto, Pé de banco de um bilhar, Que seja sabio piloto Nas regras de calcular. Se vos mandarem chamar Para ver uma funcção, Respondei sempre que nâo, Que tendes em que cuidar: Assim se entende o rifão: Quem está bem deixa-se estar. Deveis-vos acautelar Em jogos de paro e topo, Promptos em passar o copo Nas angolinas do azar: Taes as fabulas de Esopo, Que vós deveis estudar. Quem falla, escreve no ar, Sem pòr virgulas nem pontos, E póde quem conta os contos, Mil pontos accrescentar; Fica um rebanho de tontos Sem nenhum adivinhar.
Com Deos e o rei não brincar, É servir e obedecer, Amar por muito temer, Mas temer por muito amar, Santo temor de offender A quem se deve adorar! Até aqui póde bastar, Mais havia que dizer; Mas eu tenho que fazer, Não me posso demorar, E quem sabe discorrer Póde o resto adivinhar.
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