por Daniel Junior
à Patativa do Assaré

Daqui do meu pedacin de chão,
Escutano o meu radin de piia
Fumano um cigarrin de paia de miio
As nutícia qui chega
É qui a vida do homi tá por um fio.
É tanta nutícia do má
Qui inté uvido môco chega iscutá,
E o qui assombra mais qui visage de caipora
Se ispaiou nesse mundão afora
É um tár de aquicimento grobá.
Diz os intindido,
Que faz um calor dos diachos,
Seca lagoa, rio e riacho
Diz que tá secano até gelo
Pras banda do Polo Ártico.
É tanta nuvidade qui aqui chega da cidade,
Qui num pricisa nem sabê lê
Pra nóis intindê,
Num pricisa ser istudado lá da capitár
Pra saber qui as coisas cumeçou mudá,
Meu riacho tá secano
E nem peixe cunsigo pescá,
Já penso qui é coisa,
Do tár aquicimento grobá.
Uns diz qui é coisa do diabo,
Outros acridita qui é Deus castigano os seus,
E se me perguntá o qui penso?
Digo que num penso nada,
O qui acontece, é culpa do próprio homi
E sua ganança disinfreada.
E penso também qui daqui a arguns anos,
O que será do ser humano?
Acho que só terá tristeza
No intardicê num ixistirá beleza
E a caída do sol...
Só terá a cumpanhia
Do triste pio do jaó.
Daniel Junior é poeta e pedagogo
Comments