por Valter Moraes
O povo ainda dorme sem sentir a fome.
Sem enxergar as mazelas de uma sociedade podre.
Sem olhar para seus algozes travestidos de aparências mil.
Sem decidir por si mesmo seu futuro.
Já estão familiarizados com a miséria...
O povo vive como lagoa,
parado no tempo,
sem força para se transformar em rio e enfrentar o mar,
Aprisionado no submundo da existência, negando a si mesmo a liberdade.
Mas cada um é o que é
somente quando desperta para a realidade
e voa para enfrentar as adversidades.
O povo é gente que geme sua dor humana, seres da terra que o cria e ele alimenta a terra com seu labor.
A terra alimenta os seres da terra, tornando-os vivos.
E a terra chora, a terra geme as maldades dos seres pequenos, toscos e a terra escura de sangue chora de tristeza e dor.
Chora as perversidades da sociedade obscura e cínica, criada nos pedestais da exploração, estampadas nas estátuas simbolizando os heróis da estupidez dos homens.
O povo paga pela inércia, pelo medo, pela omissão, pelo comodismo, pelo individualismo.
O povo elege seus algozes, seus inimigos de classe.
E o povo não acorda do pesadelo que ele mesmo constrói, submisso aos ditames dos saqueadores dos seus direitos.
O povo paga pela sua própria dor.
Valter Moraes é poeta, filósofo e comunista.
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