Armazém na Estrada
11 de jan de 20221 min
por Chris Resplande
É 31 de dezembro e neste último dia do ano, qual peixe no aquário, encontro paredes que não atravesso.
Velhos temas, mesmos erros, a espera de algo que descosture a rede que aprisiona, que abra um oceano de liberdades, marés nas quais possa mergulhar em paz, sem pressa.
Escuto os fogos, olho o relógio e, num átimo, é novo ano!
Renovam-se as esperanças em mistério de que não ouso duvidar.
Brota o desejo de dar o abraço que não foi dado, dizer o que de bom não foi dito, agradecer o que recebi com indiferença ou como simples constatação de merecimento.
Olhos marejados, uma névoa perpassa o semblante, tudo o que poderia ter feito, acolhido, compreendido, relevado, amado e não fiz.
Revejo a caminhada de ser humano cheio de falhas e limites; viajo na memória das coisas mais íntimas escondidas em mim e, entre elas, a busca de um equilíbrio tal que me proporcione corrigir desacertos, olhar fragilidades com ternura, reconciliar-me, ir adiante. Revelo-me, então, pronta a seguir um novo caminho, um novo ciclo, fundamentado apenas em uma segurança que nunca é estável mas que é o que nos move: os sonhos.
Deixo-os no sereno, de molho ou marinando, e, dia a dia, mês a mês, colherei um a um com mãos de ternura e com elas os tornarei concretos. Pouco a pouco aquela névoa se dissipará em sol de propósitos cumpridos, afetos demonstrados, dias de paz, num sabor de eternidade que acalma a alma.
Chris Resplande é poeta de Goiânia.
Publica seus poemas na página @asletrasdachris, no instagram.
Promove encontros poéticos em parceria com o
Museu Antropológico da UFG e o cineclube Imigraçâo.