um poema por Margarida Fontes
Telefonou-me, ontem, um velho da alfândega Do tempo em que a alfândega era alfândega Mais um velho amigo
Os velhos me sentem velha, Porque nasci assim: velha
Um velho que à tardinha rasga papéis amarelados e queda-se melancólico e impotente diante da calamidade Um velho que insiste em viver apesar da epidemia na TV
Telefonou-me, ontem, um velho da alfândega a contar-me o passado Um tempo em que havia poesia dentro daqueles casarões. Lembrou-me o poeta da casebre: o crioulo que amava o Brasil
O velho da alfândega nem parecia velho E velho nunca será.
Margarida Fontes é jornalista e escritora.
Autora dos livros (poesia):
“De Lírios” e “Confidências do Tempo”.
Nasceu na Ilha do Fogo, em Cabo Verde,
e reside na Ilha de Santiago.
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