um poema por Eduardo Belo d'Esquivel
Eu poderia dizer que você tem um rosto perfeito, e se fizesse isto, não seria
um mentiroso. Poderia dizer que você tem a face daquelas
modelos que brilham nas capas das revistas, mas eu odeio essas coisas; o
equilíbrio exato da beleza delas me deixa tão indiferente como a
matemática. Não me excita, não me perturba, não me mata e não me
mantém acordado de madrugada para dar paz à minha fome.
Não, o seu rosto não é de um “perfeito” artificial como o delas. O seu rosto tem aquilo que o poeta
chama de liberdade poética. Seu rosto tem aquela particularidade...
aquela só, única, irrepetível particularidade semi-divina da qual os meus
olhos não conseguem, literalmente, soltar-se. São os seus defeitos que me
atraem, não as suas perfeições. São os seus detalhes que me obrigam a
aprender-te de cor, não o seu conjunto.
Você tem um efeito que se soldou às moléculas do meu desejo. Se
apagassem todas as suas fotos da face da terra e se te obrigassem a ficar
longe dos meus olhos por décadas de anos e séculos, talvez eu pudesse
me esquecer das suas linhas, mas nunca poderia me esquecer da maneira
fulminante com que capturou meus olhos. Você foi o disparo ofuscante, um
esplendor, um alfinete de luz elétrica. Todas as vezes em que estivermos na mesma sala, você terá os meus
olhos, você os possuirá como bolas de gude de vidro; serão seus, porque
não me será permitido olhar para outro lugar. Agora você sabe. É maravilhoso o modo com que está lutando pela sua felicidade. Mas isso
não me surpreende. Estava claro que, sob as inseguranças superficiais,
esconde-se uma MULHER DA PORRA. Arraste-me de novo nos seus sonhos, conte-me os seus segredos. Enquanto dorme, beijarei os seus pés.
Eduardo Belo d'Esquivel é poeta bissexto, aviador,
graduando em Administração Pública
e palpiteiro nas horas vagas
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