por Daniela Luciana
Acari. Enchente no Rio de Contas. Pele de amendoim voando no ônibus cheio. Curuca. Povo dormindo em escola desabrigado. Pitu. Casa cheia de água até o teto e a dona chorando na TV. Guaiamum. A moça perdeu a casa e o marido. Caranguejo. O menino foi levado na enxurrada. Siri. A criança no braço da mãe, embaixo da sombrinha, em cima do colchão que flutua nas águas que transbordaram. Cachaça. Beber quem se foi e alimentar a alma e o estômago de quem sobreviveu.
Um Natal de frutos do mar, água demais cobrindo a Terra é um Ano Novo que chega prenhe de esperança.
Uma estrela pode brilhar como aquelas na bandeira do Brasil.
De choro e peixe vivo, de morte e vida que se salvou da lama, faremos uma nação de novo.
Daniela Luciana é baiana, jornalista, poetisa,
mãe de Maria Antônia.
Desde 2003 mora, escreve, samba,
tem fé e trabalha em Brasília.
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